segunda-feira, 30 de setembro de 2013

De-va-gar

Acendeu o cigarro de-va-gar. Seu corpo, sua pele morena, tinha certa luz nova sob a luz fraca da luminário. Por entre a fumaça, procurava entender o que era tudo aquilo. Era como se seu corpo não fosse mais seu exatamente por ser só seu. "Só". Como odiava essa palavra. Porque ela era "só" uma moça de cidade pequena que "só" sabia do seu mundinho. Foda-se. Ela não era mais "só" nada. Ela era tudo aquilo, a fumaça, o barulho, as luzes. A maldita cidade pequena ficara pra trás e ela tinha um mundo inteiro pela frente. Ela tinha cigarros e corpos e beijos e amores pela frente. Ela tinha uma carreira, um futuro, um salto a diante. Ela não era "só" dele, ainda mais agora que ele não era só dela. Ele fora "pro mundo", buscar uma "nova vida". Então ele que fosse encontrar a "nova vida" nas pernas de uma prostitura velha. Ela tinha o mundo dela a explorar, que era totalmente novo. Se ele fora, ela iria também. Ela não era mais "só" nada.
Mas seu corpo era só aquilo. E "aquilo" sentia muito frio quando estava sozinho.

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