domingo, 7 de julho de 2013

“Tenho fome...”

Uma vontade doida de ir e vir, de poder falar e decidir.

Me olham como se isso fosse estranho. Enquanto eu olho de volta sem entender, achando interessante que para eles soe tão peculiar, o que dentro de mim parece ser tão normal.

Talvez no meu mundo tudo fosse mais fácil. Ou, talvez, no mundo deles é que fosse realmente tudo mais difícil...

“Tenho fome...”

As lâmpadas piscando parecem insanidade. São os meus olhos. Parece que não funcionam à noite, vejo ainda pior do que de dia. São sombras nebulosas, como óculos com lentes de algodão doce. Pegajosas e borradas. Algo como olhar pra fora de um avião e só ver nuvens brancas ofuscadas pelo sol, sem saber bem onde termina uma e começa outra, se é que alguma delas tem fim.

“Tenho fome...”

Nesse emaranhado de algodões, nuvens e luzes apagando e acendendo, imagino se não temos, afinal, as mesmas dificuldades e, por conseguinte, as mesmas vontades.

Me dizem que fome é de comida. Repetem que é tudo loucura. Que gente direita não sente fome de ser que nem borboleta ou dente-de-leão.

Deve ser a neblina, não devem estar enxergando direito.

Lavo o rosto, esfrego... 

Quem sabe não melhora? 

Não. Nem assim dá jeito... Afinal, muito estranho isso de não poder ter opinião.

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