segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Daniel

Eu nunca escrevi um diário antes, mas também nunca houve um segredo em minha vida tão grande quanto esse. Não é suficiente inventar agora um personagem que resolva o problema ou usar palavras rebuscadas para esconder o que quero de fato dizer. Não poderia contar para minha mãe ou mesmo para Carol, minha eterna confidente. Mal tenho coragem de contar para mim mesmo, mas preciso ter certeza que foi de verdade, que não foi só um sonho. Por isso mal cheguei em casa e procurei um dos cadernos que se amontoam sob a minha cama o que ainda tinha mais folhas e me pus a escrever.

Há mil pontos pelos quais posso começar essa história. Posso falar da primeira vez que o vi ou de cada uma das tardes que passamos discutindo sobre os assuntos mais diversos entre xícaras de café e potes de rosquinhas com mel. De cada um dos filmes que vimos juntos ou das noites em que, eu sentado encolhido na poltrona e ele deitado no sofá, escrevíamos cada um seus pensamentos mais profundos, seus trabalhos mais delicados. Daniel diz que eu o inspiro que sei que o contrário também é verdade. Poderia falar de qualquer um dos momentos do ano que se passou, mas quero começar pela tarde de ontem, o que me fez quebrar meus próprios preconceitos e contar ao papel exatamente o que me aconteceu.


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