domingo, 4 de novembro de 2012

Contrários

Um é tudo o que o outro não é. Rebeca é passado, sempre que o irmão resolve ser futuro. Nenhum é presente. Estão ambos perdidos no tempo, sem lugar de repouso, encerrados em pontos próximos. Nunca perto o suficiente, nem longe o bastante.

Construíram-se como opostos, por não saberem lidar com semelhanças - quaisquer que fossem. Tendiam a ser inimigos, destruindo e amando-se de um jeito estupidamente masoquista e ignorante.

Nunca admitiram ou sequer lembravam que era nos braços um do outro que achavam conforto para a solidão e para as feridas que se impunham.
Houve um tempo em que a cumplicidade entre os dois era latente, daquelas que apenas se encontra em companheiros longínquos de berço. Ele sempre fora capaz de ver a verdade por traz de seus sorrisos e desarmar-lhe, fazendo-a reconhecer, relutante, o quão triste se tornara. De certa forma, Rebeca sempre fora sozinha, mas nunca sem Maurício. Com o rapaz, não era diferente. Sempre fora perdido, mas nunca sem os braços dela para acalentá-lo.
Mas esse tempo passou e as fotos só serviam para lembrá-los do contexto infeliz que fizeram questão de manter. Acharam que era de bom tom seguirem suas vidas separados, uma vez que não podiam mais suportar a carga de viver um pelo outro. Hoje sequer cruzam olhares. Evitam-se como quem evita a si mesmo.

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