domingo, 19 de junho de 2011

"(...) Afastei-me,

ignorando todos os protestos e, mesmo com o coração saltando do peito, caminhei até a porta e saí. Não olhei para trás ou esperei que a abrisse para mim. Estava feito: nunca mais voltaria.

Segui andando em direção à minha casa, à nova vida que aguardava por mim... Não tive preocupação de ser vista ou qualquer outra coisa. Ia me casar afinal, tornar-me uma “moça de respeito” e com muita, mas muita, sorte conseguiria atenuar o vazio, no qual, agora, consistir-se-ia minha existência.

Assim que entrei, mamãe veio ao meu encontro, reclamando do atraso imprudente.

- Alfred está na sala à sua espera, apresse-se, troque de roupa e vá ter com ele – sussurrou

Subi até meu quarto, obediente tal qual nunca fora, e troquei de roupa. Desci, como mandara mamãe. Alfred estava lá. Impaciente, andava nervoso, de um lado para o outro, desgastando a sola de seu caro sapato de couro. Apenas parou ao notar minha presença.

Veio até mim, tomando-me a mão e me questionando. Há tão pouco havíamos confirmado o casório e aquele homem já se considerava meu dono. Mal sabia ele que meu coração já fora domesticado.

Dei uma desculpa esfarrapada sobre estar na modista e seu rosto se iluminou, provavelmente pensando na renda branca de meu vestido de casamento. Amava-me tanto, o coitado, que até sentia ânsia de correspondê-lo. (...)"

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